Médico destacou que 95% dos infectados pela doença em Feira de Santana (BA) são mulheres
Transmitida pelo Aedes aegypti, a febre Chikungunya pode causar cegueira, segundo o oftalmologista Hermelino de Oliveira Neto, que atendeu 44 pacientes diagnosticados com a doença na região de Feira de Santana, na Bahia. A Chikungunya atingiu mais de 169 mil pessoas no Brasil em 2016, sendo 151.488 residentes na região Nordeste. No 40º Simpósio do Instituto Paulista de Estudos e Pesquisas em Oftalmologia, realizado na sexta-feira (17/02), Oliveira apresentou uma análise sobre as deficiências visuais e oftalmológicas causadas pela infecção.
— 54% dos pacientes com Chikungunya apresentaram alterações oculares. Na maioria dos casos, foram manifestações decorrentes de um processo inflamatório chamado uveíte, que atinge a camada média do olho. Os sintomas mais comuns incluem dor ocular e desconforto. Um pouco menos frequentes são sinais como coceira e lacrimejamento, diz o médico.
De acordo com o médico, 90% das vezes, os problemas se mostraram tratáveis. Entre 5% e 10% dos casos, porém, a infecção evoluiu até atingir a retina e o nervo óptico dos pacientes.
— Infelizmente, não há tratamento para esse tipo de atrofia ótica. Em situações extremas e no decorrer do tempo, esses problemas levam à cegueira irreversível.
Predominância de mulheres
Outro dado que chama atenção é a predominância do público feminino entre as pessoas que pegaram febre Chikungunya, em Feira de Santana (BA): dos pacientes atendidos, 95,4% eram mulheres, de acordo com o médico.
— Na nossa região, a população é bastante pobre, e muitas mulheres não trabalham e ficam em casa na maior parte do tempo. Como o mosquito Aedes aegypti prefere áreas domésticas, nós acreditamos que essa seja a causa da predominância feminina entre os pacientes.
A média de idade observada foi de 53,7 anos, sendo o paciente mais novo com 28 anos e o mais velho com 77 anos. Oliveira ressalta que os sintomas mais comuns de chikungunya incluem febre e poliartrite (detectadas em 100% dos casos), além de lesões cutâneas (observadas em 80% dos casos). Outras manifestações são hepatite, alopecia (queda de cabelo) e perda de memória.